Um gesto trivial, mas não tão anódino assim: o que diz a lei sobre embalagens de papel para baguetes?
Em França, é comum sair da padaria com a baguete embrulhada num saco de papel ou enfiada numa simples folha dobrada.
Um reflexo bem enraizado, herdado de costumes e de certas regras de higiene. No entanto, Jean-Claude questiona-se ao jornal Ouest-France: «As embalagens de papel utilizadas para a venda de pão são úteis, necessárias e obrigatórias por lei?»
O que diz a regulamentação sobre a embalagem do pão
«Os géneros alimentícios […] devem ser entregues aos consumidores pré-embalados ou acondicionados, ou protegidos por um invólucro de material isolante ou de papel.» O artigo 127.º do Regulamento Sanitário Departamental de Paris é claro quanto a este ponto, e não se aplica apenas à capital: este quadro regulamentar é aplicável em todo o país.

Pão, carne, legumes… todos os produtos alimentares estão na mesma situação. Mas a obrigação não se limita à embalagem.
A manipulação desses produtos também deve seguir regras rígidas: apenas os vendedores estão autorizados a tocá-los, desde que utilizem ferramentas adequadas, que devem ser limpas regularmente. Uma forma de garantir uma higiene constante, mesmo nos gestos mais cotidianos, como comprar uma baguete.
Mais uma restrição financeira para os padeiros
Desde 1 de janeiro de 2025, cada saco colocado em torno de uma baguete ou cada caixa de pastelaria entregue ao cliente gera um custo adicional mínimo por unidade, 0,0079 euros, ou seja, menos de um cêntimo, mas que acaba por pesar no final do ano. «Isso vai nos custar 6.000 euros», confessou um padeiro de Metz em uma reportagem da TF1.

Tudo depende, claro, da afluência: uma loja com 2000 clientes por dia atinge este nível de despesas, enquanto uma estrutura mais pequena, segundo Dominique Anract, presidente da Confederação Nacional de Padarias, gasta cerca de 350 euros por ano, como partilhou com o actu.fr.
Embora a medida possa parecer nova, o princípio não é. Desde 1993, as padarias já são obrigadas a financiar o fim da vida útil das suas embalagens, ou seja, a sua triagem e tratamento através da lixeira amarela.
A diferença é que, anteriormente, os profissionais tinham de preencher uma declaração anual detalhada, calculando o peso e o número de embalagens utilizadas.
O novo sistema pretende ser mais simples: os padeiros podem agora optar por umpagamento fixo no momento do pagamento, um dispositivo definido com os representantes do setor. Menos demorado, sem dúvida, mas não sem incidência no tesouro.

Trazer o seu próprio saco: uma opção autorizada e incentivada
Nada impede os clientes de trazerem o seu próprio saco de pano para colocar a baguete. Ao contrário do que se poderia pensar, os regulamentos sanitários não obrigam os padeiros a fornecer sistematicamente uma embalagem.
Desde que sejam garantidas as condições de higiene, a baguete pode ser colocada diretamente num recipiente reutilizável trazido pelo comprador. Uma prática autorizada, simples e que está a conquistar aos poucos alguns fiéis do pão diário.

Em Pontarion, no departamento francês de Creuse, um casal de padeiros decidiu ir ainda mais longe. Para incentivar os seus clientes a abandonar o papel, eles oferecem um pequeno incentivo: uma baguete grátis a cada dez compradas sem embalagem.
Uma forma de promover uma alternativa mais sustentável, sem alterar os hábitos, e de lembrar que, também na padaria, as mudanças às vezes passam por pequenos gestos concretos.