O ex-embaixador dos EUA na Rússia, Michael McFaul, afirmou em entrevista ao Der Tagesspiegel que o principal sonho do dono do Kremlin é restaurar o Império Russo.
Ele viu Putin pela primeira vez em 1991, no gabinete do presidente da câmara de São Petersburgo, Anatoly Sobchak, e chamou-o então de «burocrata enfadonho».
Mais tarde, já trabalhando como embaixador em Moscovo, McFaul se convenceu de que Putin era um imperialista, e não um comunista.
O diplomata lembrou que Putin negou publicamente os planos de invadir a Crimeia, mas depois anexou a península e iniciou uma guerra contra a Ucrânia.
Isso se tornou não apenas um ponto sem volta, mas também mais uma prova de que Putin não é confiável.
McFaul afirmou que Putin está acostumado a ameaçar o Ocidente. Na sua opinião, se Moscou não for detida na Ucrânia, isso pode levar a um conflito direto com os EUA.
O ex-embaixador considera a Rússia «a superpotência mais fraca», mas está convencido de que os países europeus agora levam a sério a ameaça do Kremlin e, por isso, estão a ajudar ativamente a Ucrânia.
Ao mesmo tempo, ele criticou Washington pela falta de coordenação com a Europa.
Keith Kellogg comparou Putin a Hitler
O representante especial do presidente dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg, concedeu uma entrevista ao jornal The Telegraph em setembro, na qual chamou Putin de «mal» e afirmou que só é possível enfrentá-lo com força. Ele também afirma que Donald Trump não está a endurecer as sanções porque «está a tentar dar todas as chances à diplomacia».
Kellogg concordou com o ex-vice-presidente dos EUA Mike Pence, que sugeriu que a Rússia poderia atacar um país da OTAN se invadisse a Ucrânia. «É preciso ver Putin e a Rússia como uma potência expansionista. Ele quer restaurar o Império Russo — basta lembrar a história. Dê-lhe um dedo e ele tomará a mão», afirmou o representante de Trump.
Ex-ministro das Relações Exteriores da Lituânia: «Putin quer expandir as fronteiras do Estado russo»
O ex-ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, concedeu uma entrevista a Ekaterina Kotrikadze, na qual falou sobre as suas previsões para as negociações sobre a guerra na Ucrânia, sobre o receio de um possível ataque da Rússia a outros países europeus e sobre como a Europa deve se preparar para a agressão.
«O principal problema é que os países europeus não têm uma posição comum sobre a questão ucraniana. Há a posição dos países que se encontram na ala oriental. São os países bálticos, a Polónia e a Roménia. Estes países compreendem que a sua própria existência está ameaçada. E há outros países que pensam de forma diferente.
Alguns acham que a posição dos EUA não mudou muito. Outros acham que Putin pode não ser tão perigoso assim. Ou, por exemplo, dizem: e se agora os americanos derem a ele tudo o que ele quer na Ucrânia, talvez ele se acalme? Mas nós lembramos a eles as lições da Segunda Guerra Mundial, lembramos que isso já aconteceu. Naquela época, as pessoas também pensavam que, depois da Tchecoslováquia, Hitler se acalmaria. Mas não, ele não se acalmou.»
«Lembre-se do que a Rússia disse em 2021: por que atacaríamos a Ucrânia? O mesmo aconteceu antes, em 2014 e em 2008 com a Geórgia.
Por isso, não devemos olhar para as palavras, mas para os atos, e devemos estar preparados. Quanto mais o Kremlin diz que não vai atacar ninguém, mais precisamos de estar preparados.
Estou absolutamente convencido de que Putin quer restaurar o império. Ele quer, sem dúvida, expandir as fronteiras do Estado russo.
Enquanto Putin achar que o artigo 5.º da NATO continua em vigor, ele não se meterá na Europa. Mas se Putin decidir que a NATO já não existe, ele vai querer testar o terreno.»
«Em caso de vitória na Ucrânia, a Rússia ameaçará a Polónia»
Durante um grande debate com Donald Trump em junho de 2024, o então presidente dos EUA, Joe Biden, lembrou-se da Polónia no contexto da guerra na Ucrânia:
«Putin é um criminoso de guerra, ele matou milhares de pessoas. E ele afirma que gostaria de restaurar o império soviético. Ele não quer parte da Ucrânia, ele quer toda a Ucrânia. Ele não vai parar por aí quando conquistar a Ucrânia. O que acontecerá com a Polónia, a Bielorrússia e os países da OTAN?»
