Um melão muito maduro pode se tornar um verdadeiro perigo: uma virologista explica por que não se deve ceder a certas práticas inadequadas.
Nas redes sociais, um vídeo recentemente causou reação entre os internautas. Nele, vemos um criador de conteúdo culinário transformar um melão mofado em uma receita original.
A cena chamou a atenção da virologista Océane Sorel, conhecida pelo pseudónimo @thefrenchvirologist, que imediatamente alertou os seus seguidores.
«Não reproduzam esta receita em casa, por favor! Como já expliquei em vários vídeos, o bolor pode ser tóxico e o perigo pode ser muito maior do que as manchas de bolor deixam transparecer!!», escreveu ela.
Mofos que tornam o melão perigoso
O seu aviso não é insignificante. Os mofos não se limitam ao que os olhos percebem. Eles podem infiltrar-se profundamente na polpa dos alimentos, especialmente aqueles ricos em água, como o melão, tornando o seu consumo perigoso.
Segundo a virologista, estes fungos microscópicos são capazes de libertar toxinas, algumas das quais alergénicas ou cancerígenas. No caso de uma fruta suculenta e frágil, não basta retirar a parte danificada para eliminar o risco.
A especialista explica que a humidade e o calor ambiente favorecem a proliferação de esporos invisíveis que colonizam rapidamente frutas e legumes. Um melão conservado por muito tempo, exposto a essas condições, torna-se um terreno ideal para o seu desenvolvimento.
«Certas bolores podem provocar reações alérgicas, problemas respiratórios ou conter toxinas, algumas das quais, como as aflatoxinas, por exemplo, são cancerígenas», lembra ela noutro vídeo.
Estas precisões reforçam a importância de não subestimar o aparecimento de bolores, por mais discretos que sejam.
Frutas moles ou vegetais firmes: saber quando deitar fora e quando salvar
Surge então a questão: deve-se deitar fora sistematicamente uma fruta ou um vegetal com bolor? Tudo depende da sua textura, responde Océane Sorel. «Todas as frutas com bolor um pouco moles, como pêssegos, pepinos, morangos ou tomates», especifica ela, devem ser eliminadas sem hesitação.
A água que contêm permite que os fungos criem raízes profundas e torna a contaminação impossível de controlar. O melão, muito rico em água, entra naturalmente nesta categoria de alto risco.
Por outro lado, os alimentos mais firmes podem, por vezes, ser salvos. Cenouras, couves ou pimentos toleram uma abordagem diferente.
«Nesse caso, é preciso cortar cerca de 2,5 cm à volta e guardar o resto», indica a especialista. A sua densidade limita a progressão do bolor, o que permite afastar a zona contaminada e conservar a parte ainda saudável. Uma nuance importante que não se aplica, em caso algum, aos frutos tenros.
A regra é clara: para alimentos cheios de água, como o melão, não se deve correr nenhum risco. Deitá-los fora continua a ser a única opção para preservar a saúde. Porque, embora a ideia de salvar uma fruta estragada possa parecer económica e engenhosa, as consequências de uma intoxicação alimentar ou da exposição a toxinas fúngicas lembram que, quando se trata de bolor, a prudência prevalece sempre.